O Pantheon de Caxias foi inaugurado em 1949 como parte das comemorações dos 150 anos de nascimento do Duque de Caxias, patrono e figura de maior relevância para o Exército Brasileiro. Foi construído para abrigar seus restos mortais, além de abrigar e expor os restos mortais de sua esposa, o sabre que recebera pela vitória na Guerra do Paraguai, lápides, insígnias e sua biografia.
Histórico
O planejamento para a construção deste monumento remonta de um período quando havia uma tentativa de expressar identidade, coesão e estabilidade social, através do recurso da invenção de cerimônias e símbolos que evocariam a continuidade com um passado muitas vezes ideal ou mítico.
Recriar o passado e destacar as tradições que precisariam dialogar com diversos contextos históricos era uma necessidade levantada naquele recorte histórico, a partir de 1930. O período foi marcado por profundas divisões da instituição militar, conflitos internos motivados por divergências doutrinárias, organizacionais e políticas.
O processo de definição de identidade do Exército envolveria, dentre outras atividades, a adoção de um conjunto de elementos simbólicos novos. A invenção do Exército como uma instituição nacional, herdeira de uma tradição específica e com papel a desempenhar na construção da nação brasileira chega a um arranjo organizacional e simbólico que vigorou, com poucas modificações, por mais de meio século.
Um movimento forte de institucionalização se estabelece, baseando-se em 3 tradições importantes do Exército: Culto a Caxias como seu patrono, Comemorações da Vitória sobre a Intentona Comunista de 1935 e Dia do Exército, em 19 abril 1ª Batalha Guararapes. Cultuar Caxias seria uma iniciativa que fazia parte de um arranjo organizacional e simbólico.
Durante quatro décadas, a principal comemoração militar brasileira ocorria no aniversário da Batalha de Tuiutí, ocorrida em 24 de maio de 1866, maior batalha da guerra do Paraguai, tendo Osório como principal herói, comandante desta batalha. Em 1923, por iniciativa de Eugênio Vilhena de Morais, membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, propõese uma comemoração oficial a Caxias, aderida pelo Ministério do Exército. É introduzido oficialmente o culto a Caxias, ocorrendo nas décadas seguintes, à substituição de Osório como modelo ideal de soldado brasileiro, para servir como culto as tradições. Nas três primeiras décadas, Osório desfruta de amplo prestígio no Exército e é o personagem histórico mais comemorado.
Ocorre, deste modo, um processo de institucionalização do culto a Caxias no Exército como ponto focal de um conjunto de investimentos simbólicos da elite militar nas décadas de 1920, 30 e 40. Em 1925, oficialmente é comemorado dia do Soldado no dia do nascimento de Caxias, 25 de dezembro, vinculando genericamente o soldado brasileiro a seu guia.
O Pantheon Nacional
De origem grega, a palavra Pantheon identifica, na Roma Antiga, uma espécie de edificação dedicada a todos os deuses. De estrutura imponente, este tipo de construção influenciou e inspirou arquitetos por vários séculos. Geralmente é iluminado com luz natural ou pouca iluminação, com a finalidade de levar os visitantes a uma atitude respeitosa e de reflexão.
O monumento de Pantheon de Caxias foi construído em 1949, pela prefeitura do então Distrito Federal, quando era governada pelo General de Divisão Ângelo Mendes de Morais, tendo sido inaugurado no dia 25 de agosto do mesmo ano. Sua concepção tinha por objetivo um grande ato solene a fim de comemorar o centenário do nascimento do Duque de Caxias. Para isso, foi designada, por ordem do Presidente da República, General de Exército Eurico Gaspar Dutra, a Comissão Especial de Homenagens a Duque de Caxias, para organizar as cerimônias, cuja Presidência foi incumbida ao Dr. Nereu Ramos.
Características do Pantheon de Caxias
Monumento: Pantheon de Caxias
Localização: Praça da República nº 25, em frente ao Palácio Duque de Caxias, situado na Avenida Presidente Vargas, Centro da cidade do Rio de Janeiro.
Data de construção: 1949
Área construída: aproximadamente cinco mil e trezentos metros quadrados, incluindo o jardim.
Externamente, é revestido em Mármore Travertino Romano Bruto. Na face voltada para a Praça da República foi aplicado o brasão do Duque de Caxias, em bronze. Na face voltada para o palácio Duque de Caxias, encontra-se a porta de entrada do mausoléu, em bronze e vidro fosco com as armas da República em bronze, bem como a palavra Pantheon acima da referida porta. É por esta passagem que o visitante tem acesso à cripta, cuja beleza arquitetônica reproduz um sentimento de civismo e religiosidade.
O interior da construção foi executado em forma circular, sendo toda revestida em Mármore Aurora na sua variação de tons de rosa claro e verde. No centro de todo conjunto, em nível inferior ao piso de acesso, rodeiam seis colunas de Granito lustrado Negro da Tijuca e sobre este local observa-se uma cúpula constituída em mosaico de cerâmica vidrada em tom verde. A cúpula permite iluminação zenital do exterior com luz natural e em intensidade de penumbra, como característico das edificações deste estilo. Ao fundo da cripta estende-se duas galerias simétricas onde encontram-se as quatrocentas e sessenta urnas embutidas nas peças móveis de mármore do revestimento das paredes, ornamentadas com rosetas de bronze, cuja função era guardar os restos mortais dos valorosos Pracinhas da Força Expedicionária Brasileira. Contudo tais despojos tiveram como destino o Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, ficando as urnas sem utilização.
Na cobertura e coroando a vista panorâmica do edifício encontra-se a estátua eqüestre de Duque de Caxias, de autoria do escultor mexicano, naturalizado brasileiro, Rodolfo Bernadelli, fundido nas oficinas Thiebot em Paris. Esta estátua, que foi inaugurada em 15 de agosto de 1889 no Largo do Machado, foi transferida para a frente do Ministério do Exército, atualmente Palácio Duque de Caxias, na mesma época em que se concluía o novo edifício do Pantheon. Produzida em bronze, a estátua representa o Duque montado em seu cavalo, em uniforme de Marechal, tendo em sua mão direita um binóculo e em atitude de observação. Apresenta dois baixos relevos no pedestal: a tomada da Ponte de Itororó e a entrada do Exército em Assunção, capital do Paraguai.
Referências
BRASIL. IBGE. . Catálogo. 2019. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/biblioteca-catalogo.html>. Acesso em: 28 ago. 2019.
Exército Brasileiro. Pantheon de Caxias. 2019. Disponível em: <http://www.mhexfc.eb.mil.br/pt-br/pantheon.html>. Acesso em: 28 ago. 2019.
PROJETO de revitalização do Pantheon de Caxias. Rio de Janeiro: [s.n.], 2019. 38 p.